sexta-feira, 2 de outubro de 2009

APRECIAÇÃO LITERÁRIA


Livro: "Doidinho," 26ª edição, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
Autor: José Lins do Rego Cavalcanti, 1901 - 1957.

Doidinho, trata-se de uma narrativa auto biográfica escrita em primeira pessoa, retratando a vida de um garoto de engenho, num colégio interno na Paraíba, durante a primeira metade do século XIX. A obra apresenta a história de Carlos de Melo, menino órfão de mãe, que até aos treze anos viveu no Engenho Santa Rosa, pertencente a seu avô o Coronel Zé Paulino, que o mandou estudar em Itabaiana, sobre regime interno, pois o mesmo estava muito atrasado nos estudos para idade que tinha. Matriculou no Instituto Nossa Senhora Ducarmo, tendo como diretor proprietário o Sr. Maciel, figura pavorosa e carrasco, era maior expressão de medo e insatisfação diante dos métodos rigorosos de aprendizagem e dos impiedosos castigos aplicados aos alunos que descumprissem as tradicionais normas do colégio.
Além de malvado e rígido deixava muito a desejar, exigia aprendizagem rápita e castigava a palmatórias quem não soubesse a lição, Doidinho foi muitas vezes vítima de bolos aos quais saia com as mãos dormentes, tendo direito apenas dois banhos por semana.
A narrativa oscila entre a vida no internato, as recordações da infância e as idas e vindas ao Engenho Santa Rosa. Doidinho ganhara este apelido dos colegas pelo seu estilo agitado, nervoso e impaciente.
A vida livre de garoto de engenho, o patriarcalismo autoritário, o preconceito social, a devoção religiosa ao catolicismo, frades desempenhando as atividades catequistas com os alunos, evidenciam o cunho realista presente em "Doidinho."
José Lins do Rego, consegue externar suas vivências nordestina e registrá-la através das travessuras de Carlos de Melo, com sua extraordinária capacidade para contar histórias, em uma linguagem solta, livre, concreta e de fácil entendimento sobre a realidade da época.

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